Preta é a cor da pele que oculta o coração
Que bate em meu peito de um jeito todo seu,
Preta como o asfalto onde roda o pneu...
Preta como a madeira reduzida a carvão...
Que bate em meu peito de um jeito todo seu,
Preta como o asfalto onde roda o pneu...
Preta como a madeira reduzida a carvão...
Como a tinta da caneta que escrevo no papel
Os versos que faço e faço minhas assinaturas,
Como as penas do urubu que voa nas alturas
Decifrando os mistérios dos caminhos do céu.
Como a nuvem densa, imensa, quase sem fim,
Que desaba e sepulta nossos sonhos ilusórios,
Como o luto que veste as viúvas nos velórios,
Como a cor do café servido nos botequins.
Ah! Esta linda pele preta que Deus me deu
Em tonalidades que eu não sei descrevê-las,
É como a noite em que no céu não há estrelas,
Como o cerne do ébano, como a cor do breu...
É por esta pele preta, cheirando a melanina,
Que a sociedade hipocritamente me discrimina
Desde a minha gestação no materno ventre...
Sob a pele preta que vestem os irmãos meus,
Escondem-se seres humanos criados por Deus
Que querem apenas ser tratados como gente!
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Autoria: Agenor Martinho Correa